Assustados com os protestos contra a Copa do Mundo de 2014, dois representantes dos patrocinadores do evento se reuniram com a Presidente Dilma, pedindo a intervenção do governo para evitar que as manifestações arranhem a imagem das empresas e do evento. A Reunião, que ocorreu no dia 19 do mês passado em Brasília (segundo a ESPN), entre Dilma, o Banco Itau e a Ambev (gigante transnacional do ramo de bebidas e alimentos).
Preocupados, as empresas exigiram garantias para seus investimentos no megaevento, de que o governo irá coibir as manifestações e solicitaram um plano de ação que será monitorado em reuniões mensais até o inicio do Mundial. Neste mesmo contexto, a Rede Globo anunciou, com exclusividade, que, segundo relatórios da Polícia Federal e da Interpol, grupos ‘anarquistas’ estão sendo ‘investigados’ e ‘monitorados’. Mas, não apresentou qualquer base judicial concreta que justifique legalmente estas investigações.
Dilma tranqüilizou os investidores dizendo: “faremos todo o possível”. Diversos atores políticos e sociais têm denunciado que, para atender as necessidades corporativas da FIFA e dos patrocinadores da Copa do Mundo de 2014, o país está abrindo mão de princípios democráticos e de direitos inalienáveis, como o direito de ir, vir e ficar e o direito à manifestação, organização e participação política. Do ponto de vista da imprensa independente, precisamos denunciar qualquer arbitrariedade e as diversas formas, em curso, de criminalização dos movimentos sociais, detenção e prisão arbitrária, e de cerceamento dos direitos civis e políticos. Além do dever moral de reivindicar a garantia dos direitos fundamentais da população e a responsabilidade dos seus governantes. A rotulação dos manifestantes na ‘lei’ que tipifica o crime de ‘organização criminosa’, no caso do estado do Rio de Janeiro, e a Lei Geral da Copa, que tipifica o manifestante como ‘terrorista’ são os principais exemplos desta realidade. No documento que instrui a votação da Lei Geral da Copa no Congresso Nacional lemos: “apesar de ser um campeonato criado e organizado por uma instituição privada (a Fifa), (…), os esforços para organizá-lo demandam iniciativas governamentais capazes de garantir, além dos serviços de infra-estrutura urbana, medidas administrativas, legais e financeiras que o tornem viáveis” – http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/9990/lei_geral_copa.pdf?sequence=1
Além disto, é nosso dever dar voz àqueles que estão sendo vítimas de práticas de exceção e criminalizadas pelos meios de comunicação de massas, e pelo próprio Estado, que, em nome de suas parcerias políticas e corporativas, tentam esconder e silenciar o grito, a voz das ruas, aonde ouvimos, de forma reiterada: NÃO VAI TER COPA! Como expressão da revolta popular contra a violação sistemática de seus direitos constitucionais.
Texto: Fernando Soares & Reynaldo Vasconcelos
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Coletivo Mariachi
Colaboração: Manu Silva