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O cansaço não é uma opção!

Não estamos todos aqui, faltam os presos. Essa é a sensação de nós que não esquecemos de Baiano e de Rafael. Eles têm sido uma das formas do Estado se vingar da nossa ousadia. Eles não aceitariam tão facilmente tanto distúrbio e agora querem nos fazer temer para que durmam em paz. Porém não esquecemos os presos e enquanto estiverem lá, estaremos aqui lutando contra as opressões e pela libertação de todos. Eles apostam no nosso cansaço e no nosso esquecimento, mas todos sabem que quem recebe a tapa nunca esquece.

Rafael Vieira foi preso no dia 20 de junho por portar produtos de limpeza. Saía da sua casa, uma loja abandonada, no centro do Rio de Janeiro quando se deparou com a maior manifestação política na história recente do país. Agora está encarcerado no complexo presidiário de Japeri. Obviamente o fato de ser negro e morador de rua explicam o motivo de ainda estar encarcerado. Um frasco de desinfetante e outro de água sanitária de plástico não podem ser usados como Coquetel Molotov como é alegado pela justiça. Mas ainda assim não há previsão para o seu julgamento. Mais do que um nome ele é a realidade do que o Estado faz com negros e pobres.

Já Baiano, Jair Seixas Rodrigues, foi preso no dia 15 de outubro nos protestos no Rio de Janeiro, foi acusado de ser parte do Black Bloc. Esse nome virou uma grande ficção midiática criada para criminalizar qualquer um que estiver nas ruas. Não existem provas que o conectem a nenhum grupo de confronto de rua, mas isso não importa mais no Brasil. Agora ele se encontra no presídio Bangu 9 e está recebendo mais apoio que Rafael por conta da sua militância. O seu julgamento está marcado para terça-feira (19/11) e aguardamos ansiosos para ver o resultado.

Dois integrantes do movimento “Ocupa Câmera” fazem greve de fome pela libertação dos presos desde o dia 7 de novembro. Afirmam que só pararão no dia que a demanda for acatada. Alguns outros coletivos se mobilizam pelos presos e aqui nos juntamos a esse esforço. Acreditamos ser esse um momento oportuno para pensarmos seriamente por aqui que não existem “presos políticos”, pois todos são presos políticos por ousarem desafiar as leis do capital. Os contatos dos manifestantes que foram encarcerados com os outros presos nos relembraram para o fato de que esses campos de concentração chamados presídio são lugares onde podem ser construídas cumplicidades contra as opressões do cotidiano. Por isso clamamos pela libertação imediata de todos os presos (sem adjetivos).

A liberdade é o crime que contem todos os crimes!

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Morador de rua está preso desde junho por carregar Pinho Sol e água sanitária

Sem ser julgado, Rafael Vieira está em penitenciária por levar frascos na manifestação do dia vinte de junho no centro do Rio de Janeiro

Rafael Vieira foi preso porque carregava um frasco de desinfetante Pinho Sol e outro de água sanitária no dia 20 de junho. Vieira foi detido ao sair de uma loja abandonada no centro do Rio de Janeiro, que estava com suas portas arrombadas antes da sua chegada. Ele foi visto com os dois frascos que, segundo o depoimento dos policiais, eram “artefatos semelhante ao coquetel molotov”. Por isso, segue no complexo presidiário de Japeri, município na região metropolitana do Rio, quase cinco meses após ser levado.

Os protestos tinham se multiplicado pelo país na semana da prisão de Vieira. Depois de uma noite de dura repressão em São Paulo, na quinta-feira anterior, as manifestações se massificaram e ganharam o apoio até da grande imprensa, que antes pedia “ação contundente” contra quem “atrapalhava o trânsito” nas cidades. Era uma “grande festa” pelo país, onde, na percepção da imprensa, a polícia não cometia mais abusos e mais de um milhão de pessoas foram às ruas em todo o país. No Rio, quatro foram presos naquela noite por furto qualificado e soltos posteriormente. Negro, morador de rua e catador de latinhas, Vieira não teve a mesma sorte. Com 26 anos de idade, ele já havia sido preso duas vezes por roubo, em 2006 e 2008, e cumpriu as penas completas.

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